Obviamente, qualquer tentativa de compreensão mais profunda da advocacia criminal ficaria absolutamente comprometida se não incluísse entre os seus principais elementos de reflexão aquele que tem sido acusado de impregná-la com sua essência malévola: o criminoso.

Justamente por isso, juntamente com a análise de um caso concreto envolvendo a acusação de estupro de uma criança de apenas quatro anos de idade, uma das espécies mais pavorosas de crime, dedicaremos uma parte substancial de nossos esforços intelectuais na busca de sua compreensão. Quem são os criminosos? Como puderam cometer tais atos? Serão monstros capazes de fazer coisas que nem sequer conseguimos nos imaginar fazendo? Serão criaturas dotadas de algum fator negativo, algum traço biológico ou cultural, que os difere essencialmente de nós? Poderão mudar seu comportamento ou, como diz o ditado popular, “pau que nasce torto morre torto”? Estarão suas depravações para além de qualquer possibilidade de perdão? A responsabilidade pelos seus atos repousa unicamente sobre seus ombros?