Experimente ver o quanto é libertador passear por este mundo ora de verdades, ora de mentiras, ora de fantasias, ora de provocações, ora de dúvidas, ora de diálogos, mas experimente. É necessário conhecer essa gente que compõe o Vale do Jequitinhonha. Quando dou a esses contos o subtítulo de “Mentiras e verdades da escrita literária”, estou neste momento assumindo a liberdade de escrever sem culpa. Como disse o escritor Ariano Suassuna: “Ser poeta é muito bom porque eu não tenho nenhuma obrigação de veracidade. Eu posso mentir à vontade, cientista é que não pode.” Dito, escrevo contos, e você, leitor ou leitora, pode ou não experienciar o que se lê, sem impedir que a sua vida siga. Literatura é isto: é liberdade, é arte, é uma viagem por mundos intersubjetivos, onde os autores e autoras, por meio de mensagens subliminares e elementos incógnitos, falam também sobre si, sobre o outro e sobre todos, não os impedindo de viver o mundo real, que é o mundo aqui fora. Pelo contrário, as escritas literárias levam você, leitor ou leitora, para dentro desse mundo de contos que, ao mesmo tempo, é seu até quando você quiser. Evitamos que as portas se fechem, e, se fecharem, jamais estarão trancadas, dando-lhe a liberdade para abri-las quando sentir-se à vontade.

“Quando se ouve com paciência o que o sujeito tem para contar sobre si mesmo, a história de um povo nunca há de acabar.”

(Ernani Calazans)