“Antes, no princípio, era a
verba. E era também a conta, a letra de câmbio, o título de crédito, o
livro-caixa-de-números. Agora é o verbo, é o conto, a crônica, a letra poética,
o título do texto, o livro de letras, caixa-de-histórias. O autor desta antologia
de crônicas foi menor-aprendiz, escriturário, gerente, superintendente e diretor
do maior banco da América Latina — ou seja, vivia no mundo da economia, dos
negócios, das finanças. Agora mudou dos números para as letras, tomou tento e
gosto pela prosa, pela escrita, virou escriba, cronista — e dos bons. Hayton
Jurema da Rocha tirou a gravata, pendurou o paletó, aposentou o executivo das
cifras e cifrões para dar vez e voz a um velho menino contador de histórias —
as suas e as de amigos, familiares, colegas ou meros conhecidos, num universo que
vai do governador ao síndico, da faxineira ao andarilho, do copeiro ao jogador
de futebol, do bancário ao músico. Este livro me faz lembrar da Feira de
Mangaio — canção que aliás é aludida numa das crônicas da coletânea — onde você
acha o fumo de rolo, o arreio de cangalha, o bolo de milho, alecrim, canela e
tudo o mais. Hayton é cabra lido e escriturado, viajante de Oropas, América e
Bahia, mas com um pé em Maceió e outro em Brasília. Nesta obra, ele ajunta
cuscuz com carne de sol, bola com vitrola, uma mexerica e uma rede de balanço,
com vista para um mar de histórias, andando por um sertão de memórias. O
resultado não poderia ser melhor: uma coletânea de cheiros e cores, saberes e
sabores, cheia de luzes e sombras, de sons e silêncios. Este livro é um copo de
prosa — e das boas — nesses tempos de cólera.”
Marcelo Torres é jornalista, escritor, autor de “O
bê-á-bá de Brasília” e “Os nomes da rosa”.
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